A Distinção Crucial: Perfeição vs. Infalibilidade na Criação: Uma Perspectiva Híbrida em Defesa da Bondade de Deus (Teodiceia)

Mergulhe na Teodiceia: Como Deus pode ser bom se o mal existe? Este post explora a distinção vital entre "perfeição" e "infalibilidade" na criação. Entenda como essa perspectiva híbrida oferece uma defesa robusta da bondade de Deus diante do problema do mal. Uma análise do Vivendo Teologia.

TEOLOGIA SISTEMÁTICAHAMARTIOLOGIA (DOUTRINA DO PECADO)

José Weider

11/7/20253 min ler

Este artigo compõe o material extra do curso de Teologia Pentecostal, matéria Hamartiologia.

O estudo da Hamartiologia (Doutrina do Pecado), como visto nas obras de Norman Geisler, John Wesley, e Lewis Sperry Chafer, obriga-nos a confrontar o paradoxo central da teologia: a origem do mal em um universo criado por um Deus perfeitamente bom.

Para defender a bondade de Deus (Teodiceia) sem negar a realidade da Queda, os teólogos evangélicos estabelecem uma distinção fundamental na criação de Adão e Eva: a diferença entre serem criados "perfeitos" e serem criados "infalíveis."

1. Criação "Perfeita" (Sem Falhas)

Na teologia, a perfeição da criação refere-se à sua integridade moral e funcional no momento de sua origem.

Definição Teológica

Uma criação perfeita significa que, no momento em que Deus a concluiu, ela estava em total conformidade com o plano e a vontade do Criador. Não havia defeitos, malícia inerente, ou falhas que pudessem ser atribuídas a Deus.

A Visão dos Autores

  • Norman Geisler é o principal proponente desta tese apologética. Ele argumenta que, sendo Deus absolutamente perfeito, Ele só poderia produzir uma criação que fosse, em seu estado original, perfeita (sem pecado e sem propensão ao mal). O versículo-chave é Gênesis 1:31: "Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom."

  • Eurico Bergstén e John Wesley concordam, afirmando que Adão e Eva foram criados em estado de inocência e retidão original.

O Que Implica

  • O homem não foi forçado a pecar.

  • A fonte do pecado não está em Deus nem em alguma "matéria maligna" na criação.

  • O pecado é uma deficiência (privação do bem), e não uma substância inerente.

2. Criação "Infalível" (Incapaz de Falhar)

A infalibilidade, por outro lado, refere-se à incapacidade de cometer erros ou de mudar.

Definição Teológica

Uma criação infalível significaria que a criatura não possui a capacidade de desobedecer ou de se desviar da vontade de Deus. Seria, por natureza, imutável em seu caráter moral.

A Visão dos Autores

Os teólogos evangélicos (incluindo Geisler, Chafer e Wesley) afirmam que o ser humano e os anjos não foram criados infalíveis.

  • O homem foi criado com liberdade moral (livre-arbítrio). Ele possuía a capacidade de não pecar (posse non peccare), mas não a incapacidade de pecar (non posse peccare).

  • Se Adão tivesse sido infalível, sua obediência teria sido programada, e seu amor teria sido forçado.

O Que Implica

  • Para que o amor e a adoração fossem genuínos, a criatura precisava da possibilidade real de rejeitar o Criador.

  • A infalibilidade é um atributo incomunicável de Deus (apenas Deus é imutável e, portanto, infalível em Sua essência).

3. A Distinção Crucial para a Teodiceia

A distinção entre perfeição e infalibilidade é a chave apologética para responder ao problema do mal, uma questão central na Teodiceia (defesa da justiça e bondade de Deus).

A Defesa da Bondade de Deus (Teodiceia)

Se Deus tivesse criado Adão infalível, Ele teria criado um ser não-livre, e o mal seria logicamente impossível. No entanto, o universo de Deus seria um universo de autômatos, incapazes do amor e do louvor voluntários.

A Teodiceia defende que Deus não é culpado pelo pecado porque:

  1. A Causa do Pecado é a Criatura, Não o Criador: O Pecado não surgiu da falta de bondade na criação (que era perfeita), mas da escolha voluntária da criatura (que era mutável). O pecado é uma deficiência originada na criatura.

  2. A Alternativa Era Pior: O único modo de criar seres morais, que pudessem amar livremente (e que pudessem se arrepender, como insiste o Arminianismo de Wesley), era criar seres que tivessem o potencial para o mal. Um mundo com a possibilidade de pecado e, consequentemente, a possibilidade de amor genuíno e redenção, é moralmente superior a um mundo sem liberdade ou amor.

Portanto, Deus criou o melhor mundo possível — um mundo perfeito (sem falhas de origem) — que, devido à necessidade de liberdade, tinha a possibilidade de se tornar imperfeito. A queda não foi um defeito no Criador, mas uma tragédia na história da criatura.

A doutrina do pecado

Um vídeo que resume a doutrina do pecado, abrange toda a matéria e complementa nosso post de hoje.

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